Dim

Antonio Jader Pereira dos Santos, o Dim, é um artista brincante cearense. Ele nasceu em 27 de fevereiro de 1967 na cidade de Camucim, extremo norte do Ceará, mas hoje mora na cidade de Pindoretama, distante 60 km da capital, Fortaleza. O apelido que hoje ele usa como nome artístico surgiu de uma brincadeira do pai; Jader se tranformou em Jadinho, depois Dinho e, por fim, Dim. O artista cresceu na periferia de Camucim no meio de uma família de sete irmãos. Era um lugar de muita festa e de muita brincadeira, o que certamente despertou o artista que ele viria a se tornar.

 Dim. Reprodução fotográfica Galeria do Dim (Picasaweb).

Ainda menino, Dim usava ferramentas de carpinteiro para fazer brinquedos de madeira, inspirados nos que a avó trazia das romarias de Canindé e de Juazeiro do Norte. Eram bonecos articulados, carrinhos, barquinhos, dentre outros. Ele era um menino muito atento ao que acontecia ao seu redor, tudo lhe chamava a atenção. Em casa, orientado por sua mãe, Dona Dodô, ele confeccionava coroa de flores para serem vendidas no dia de finados na cidade. Começou a trabalhar desde muito cedo. A casa da avó era outro lugar inspirador para Dim. Ali havia um galpão e uns teares onde ela fazia redes de tucum. Dim ajudava a tingir e a estender as cordas. Neste ambiente, em meio ao trabalho e as historias contadas pelas pessoas que freqüentava o lugar, Dim foi apurando o olhar com a imaginação. Com a chegada da luz elétrica ao bairro do Cruzeiro veio a televisão e o primeiro contato com o mundo imaginário dos filmes e dos desenhos animados. Associado a isso, as atividades artesanais realizadas em família dava concretude às imaginações do ainda menino. Por ser um menino “diferente” do padrão de crianças do bairro, Dim foi muitas vezes tachado de louco, era o “louco do Cruzeiro”.

 Dim, caixa de dança. Reprodução fotográfica Galeria do Dim (Picasaweb).

Dim, galo azul. Reprodução fotográfica Galeria do Dim (Picasaweb).

Dim, carrossel com manivela. Reprodução fotográfica Galeria do Dim (Picasaweb).

Dim, caixa de ciranda com manivela. Reprodução fotográfica Galeria do Dim (Picasaweb).

A mudança da condição de “louco” para a de artista ocorreu na adolescência sob a influência de um artista chamado Batista Sena, que acabava de fundar em Camucim um espaço cultural. Dim se tornou seu assistente. Neste espaço Dim compreendeu-se como criador. Nos anos 80 Dim se mudou para Fortaleza para trabalhar em um projeto do Cirque Catholique de France, destinado a profissionalizar meninos de rua. Esse trabalho deu nova dimensão ao trabalho de fabricar brinquedos. O brinquedo se tornou para Dim um objeto de registro dos modos de vida inacessíveis aos meninos do projeto.

 Dim, bate-pilão. Reprodução fotográfica Galeria do Dim (Picasaweb).

Depois de uma temporada na Argentina, Dim retornou a Camucim e ali fundou um espaço destinado à sua criação. Pesquisou vários movimentos populares, como o boi e o reisado, e criou um grupo de brincantes chamado Guerreiros do Boqueirão e Banda da Lua. Com o grupo participou de filmes, trabalhando também como cenógrafo. Tempos depois foi contratado por um programa oficial destinado ao trabalho com design artesanal, mas ficou pouco tempo. Cada vez mais convicto do rumo que daria á sua obra, Dim se distanciou das instituições, evitando a visão funcional do artesanato e da arte. Seus brinquedos foram ganhando um acabamento mais refinado. Do tradicional rói-rói aos helicópteros, passando pelas telas, todos passaram a receber um acabamento de peça artística. Foram brinquedos que viraram arte, que viraram brinquedo.

 Dim, pratista de impulso. Reprodução fotográfica Galeria do Dim (Picasaweb).

Além dos brinquedos, Dim também produz telas. Ambos são pintados em acrílica e com cores fortes e vibrantes. Representam uma releitura dos brinquedos populares, segundo o olhar do artista.

 Dim, trapezista, acrílica s/ tela. Reprodução fotográfica Galeria do Dim (Picasaweb).

Dim, passando das nuvens, acrílica s/ tela. Reprodução fotográfica Galeria do Dim (Picasaweb).

  Dim, cajus, acrílica s/ tela. Reprodução fotográfica Galeria do Dim (Picasaweb).

 Dim, fotografando, acrílica s/ tela. Reprodução fotográfica Galeria do Dim (Picasaweb).

Dim participou de várias exposições pelo Brasil. Sua obra pode ser encontrada em seu ateliê em Pindoretama-CE, no Museu do Folclore Edison Carneiro (Rio de Janeiro, RJ), no Espaço Imaginário (São Paulo, SP) e no Centro Cultural Dragão do Mar (Fortaleza, CE).

Contato com Dim:
Tel: (85) 8705-1956

Fonte:
- Dim: as artes de um brincante. Catálogo da exposição realizada pelo Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, Rio de Janiero, RJ, 1999.

 Dim, carrossel com manivela. Reprodução fotográfica Galeria do Dim (Picasaweb).

 Dim, Joões teimosos. Reprodução fotográfica Galeria do Dim (Picasaweb).

 Dim, caixa com borboleta. Reprodução fotográfica Galeria do Dim (Picasaweb).

Dim, passaros comendo. Reprodução fotográfica Galeria do Dim (Picasaweb).

6 comentários:

  1. esse blog tem um papel muito significativo para a cultura brasileira . significa que ela é valorizada

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  2. Muito bacana! Parabéns pelo belo trabalho de divulgação e pelo bom gosto na seleção.

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  3. Belo trabalho, lindas cores, excelente acabamento, adorei muito!

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  4. Belo trabalho, lindas cores, excelente acabamento, adorei muito!

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