Célio Roberto


Célio Roberto nasceu na cidade de Pedra, Pernambuco, mas hoje mora no povoado de Guanumbi, município de Buíque-PE, a 290 km da capital Recife. Célio se descobriu artista aproveitando os restos de barro de uma olaria fundada por seu pai quando ele ainda tinha oito anos de idade. O que começou como uma simples brincadeira, acabou revelando o talento que possibilitou transformar essa brincadeira em ofício. Esse talento foi revelado, sobretudo, através da capacidade que tinha Célio de fazer caricaturas de moradores da região. A caricatura de um senhor chamado “Zé de Lixandre” foi a primeira delas; foi a peça que abriu caminho para tantas outras que viriam a posteriori. Hoje, depois de ter aperfeiçoado suas habilidades com o barro, impressiona a todos pelo seu perfeccionismo nas feições e no detalhe característico de cada uma das pessoas que retrata. Tornou-se um retratista do barro.

Célio Roberto. FOTO: autoria desconhecida

Célio divide seu tempo entre a criação de gado e a sua arte. É fiel aos métodos tradicionais de manejo com barro; sem qualquer mecanização, apenas a enxada, as mãos e umas poucas ferramentas improvisadas. Ele próprio é o responsável pela extração e pelo preparo do barro dentro de uma pequena propriedade rural que possui. Com o talento nato e o aperfeiçoamento de suas habilidades ao longo dos anos vem retratando figuras conhecidas do mundo da arte, da política e algumas personalidades, como Dominguinhos, Patativa do Assaré, Luiz Gonzaga, Lampião, Ariano Suassuna e o presidente Lula, que recebeu uma imagem sua quando visitou a cidade de Buíque.

Célio Roberto, Lula, cerâmica. FOTO: Tiago Henrique Silva.

Célio Roberto, Ariano Suassuna, cerâmica. FOTO: Tiago Henrique Silva.

Célio Roberto, Lampião, cerâmica. FOTO: Tiago Henrique Silva.

Célio Roberto, Patativa do Assaré, cerâmica. FOTO: autoria desconhecida.

Hoje, com o reconhecimento pela sua arte e após algumas edições da FENEARTE (Olinda-PE), segue com seu trabalho, confeccionando lindas obras de arte, onde algumas podem ser vistas em seu atelier, no povoado de Guanambi, Buíque-PE.

Contato com Célio Roberto
Fone: 87 99826 0106 / 99931 3634
Email: celioroberto.art@hotmail.com

Célio trabalhando em uma das suas criações. FOTO: autoria desconhecida

O mestre Ariano Suassuna retratado por Célio. FOTO: Tiago Henrique Silva.

Célio e sua produção. FOTO: Tiago Henrique Silva

Vieira da Ilha do Ferro

O mestre Vieira, é um dos artistas escultores da Ilha do Ferro mais destacados da atualidade. Como tantos outros, Vieira é um seguidor de Seu Fernando da Ilha do Ferro, mas ao longo de sua carreira conseguiu imprimir nas suas obras uma marca própria, que o faz ser reconhecido facilmente; Vieira é um artista único. Começou a trabalhar com a madeira desde muito cedo. Seu pai era um dos mais conhecidos construtores de barcos da região, além de escultor. Do pai Vieira herdou a inventividade e aprendeu com ele a ser muito meticuloso. O trabalho de Vieira não somente se destaca pela criatividade, mas também pelo esmero com o qual é realizado.

Vieira ao lado de uma de sua invenções. Reprodução fotográfica: Projeto Sertões.

Vieira retrata na madeira, sempre pintada com tinta a óleo e cores quentes, barcos, animais, seres imaginários, homens e mulheres. A inspiração para o trabalho vem da própria região onde vive. A Ilha do Ferro está às margens do Rio São Francisco e é povoada, como tantas outras comunidades ribeirinhas, de costumes e lendas que fazem parte da obra de muitos artistas que ali vivem. Com Vieira não é diferente.

Vieira, Casal, madeira policromada. FOTO: autoria desconhecida.

Vieira, Homem, madeira policromada. Acervo da Galeria Karandash, Maceió, AL.

Vieira, Homem pássaro, madeira policromada. FOTO: Manu Oristano.

Além desse rico imaginário, Vieira ainda produz algumas peças utilitárias, sobretudo móveis. São cadeiras de balanço, namoradeiras que trazem em suas pinturas as cenas do sertão ou temas como o amor e a liberdade.

O artista tem obras em diversas galerias de arte espalhadas pelo país, como também em coleções particulares. Em 2012 suas obras foram expostas no Museu Théo Brandão em Maceió-AL dentro da exposição “Madeiras e reinvenções dos mestres Valmir e Vieira”.

Vieira, Homem com e sem chapéu, madeira policromada. FOTO: autoria desconhecida.

Vieira, Pássaro, madeira policromada. FOTO: autoria desconhecida.

Vieira, Homem pássaro (detalhe), madeira policromada. FOTO: autoria desconhecida.

Vieira, Homem com chapéu, madeira policromada. Acervo Galeria Karandash, Maceió, AL.

Vieira junto às suas invenções. FOTO: Victor Sarmento.

Vieira, Homem com pássaro na cabeça, madeira policromada. FOTO: autoria desconhecida.

Vieira, Frade, madeira policromada. Acervo Galeria Karandash, Maceió, AL.

Vieira, Mulher de roca, madeira policromada. Acervo Galeria Karandash, Maceió, AL.

Cadeira de madeira produzida por Vieira. Acervo Galeria Karandash, Maceió, AL.

Vieira, Jogador, madeira policromada. Acervo Galeria Karandash, Maceió, AL.

Fernando da Ilha do Ferro

O povoado Ilha do Ferro localizado no município de Pão de Açúcar em Alagoas, às margens do Rio São Francisco, transformou-se nos últimos anos em um dos mais importantes e expressivos polos de produção de arte popular do Brasil, a exemplo do Alto do Moura em Caruaru-PE ou do povoado de Bichinho em Prados-MG. O grande responsável por transformar a Ilha do Ferro no centro criativo que é hoje foi Fernando Rodrigues dos Santos, o Seu Fernando da Ilha do Ferro, que transformou seus famosos bancos de madeira em esculturas que hoje “povoam” importantes coleções de arte pelo país. Seu Fernando representa para a Ilha do Ferro o que o mestre Vitalino representa para o Alto do Moura em Caruaru.

Seu Fernando. FOTO: autoria desconhecida

Seu Fernando nasceu na Ilha do Ferro no dia 1 de dezembro de 1928 e foi lá onde viveu até sua morte no dia 11 de janeiro de 2009. Quando jovem trabalhou na roça, nas lavouras de arroz, milho e feijão. Filho de um sapateiro, Seu Fernando iniciou o seu ofício ainda menino, produzindo pequenos objetos de madeira na oficina do pai. Aos 40 anos construiu sua primeira grande peça: uma espreguiçadeira. Aos 70 anos começa a participar de mostras de decoração na região Sul e Sudeste do Brasil, exibindo mesas, cadeiras, bancos, que aproveitavam as formas originais dos troncos e raízes das arvores; foi a partir dessa época que Seu Fernando ganhou fama nacional. Materializados em mulungu, imburana e outras espécies de madeira da região, os móveis de Seu Fernando são considerados, por sua qualidade estética, verdadeiras esculturas. Com os veios, as rachaduras e os nós da madeira sempre aparentes, Seu Fernando ainda escrevia em algumas de suas obras, poemas criados por ele.

Cadeira feita por Seu Fernando. FOTO: Luis Gomes Raízes

As obras de Seu Fernando foram expostas ao longo de sua vida em vários espaços de arte e/ou decoração no Brasil e em outros países. Peças de Seu Fernando fizeram parte em 1987 de uma grande exposição sobre a arte popular brasileira no Grand Palais em Paris, a mostra Brésil, Arts Populaires. Hoje essas obras fazem parte do acervo do Centro Cultural de São Francisco, em João Pessoa-PB. Seu Fernando expôs ainda no Museu de Arte Popular da Paraíba e na Casa Cor de São Paulo, em 2001, com prêmio para o ambiente do designer Arthur Casas. Participou da mostra “O Sentar Brasileiro” com 100 cadeiras e bancos, que inaugurou o Museu Oscar Niemeyer em Curitiba-PR. Em 2007, Seu Fernando recebeu o título de Patrimônio Vivo do Estado de Alagoas outorgado pelo Governo do Estado, conforme a Resolução nº 01/2007. Em 2017, o Governo do Estado de Alagoas e a Universidade Federal de Alagoas inauguraram o Espaço de Memória Artesão Fernando Rodrigues dos Santos, na Ilha do Ferro, que congrega a produção de vários artistas que hoje dão sequencia ao legado deixado por Seu Fernando. As obras de Seu Fernando hoje integram o acervo de vários museus, galerias e coleções particulares por todo o país.


Minha arte tem uma inteligência que só os artistas da natureza podem compreender (Fernando Rodrigues dos Santos, 1928-2009)

Casa e peças de Seu Fernando. FOTO: autoria desconhecida.

Banco feito por Seu Fernando. FOTO: autoria desconhecida.

Seu Fernando em meio às suas criações. FOTO: Rômulo Fialdini.