José Francisco Cunha, mais
conhecido como Mestre Cunha, nasceu em Ipojuca-PE em 1951. A história deste
artista se confunde com a de muitos outros artistas populares do Brasil. Como
ele mesmo conta, começou a fazer arte por necessidade, para ganhar dinheiro. Antes
de se tornar o artista reconhecido que é hoje, foi cortador de cana, peão,
camelô, ajudante de pedreiro, operador de ponte rolante, dentre outras
atividades. Hoje Mestre Cunha é considerado um dos artistas populares mais
originais e inventivos do Brasil. Chamado por muitos como o “artista dos
sonhos”, Mestre Cunha extrai do seu imaginário lúdico seres fantásticos que
ganham vida na forma de esculturas de madeira com cores fortes e vibrantes.
Mestre Cunha. Reprodução fotográfica autoria desconhecida.
Era final da década de 1990, quando José Francisco Cunha ficou desempregado. Era um período de crise econômica e escassez de emprego e para sobreviver José Francisco começou a fazer pequenas miniaturas com cenas nordestinas para vender no terminal rodoviário de Recife. Foi um começo muito difícil, mas não demorou muito para seu trabalho evoluir destas miniaturas sertanejas e se tornar o que é hoje. “.... Quando eu quis fazer obra, eu comecei a fazer um negócio copiado. Mas eu me achava vazio, aquilo não era meu, eu copiando. Então, eu resolvi inventar...”. Foi daí que o José se tornou o Mestre Cunha. Ainda segundo o artista, no começo ninguém queria comprar suas obras porque era um trabalho diferente, estranho aos olhos de muitos; só colecionadores se interessavam. “... O povo pensa que o que faço é brinquedo, mas é para decorar...”. Hoje as obras do Mestre Cunha são muito disputadas em feiras e exposições e sua notoriedade atravessou as fronteiras do seu estado natal.
Mestre Cunha, título desconhecido, madeira policromada. Reprodução fotográfica Galeria Pontes, São Paulo, SP.
Mestre Cunha, Piatuz, madeira policromada. FOTO: Francisco Moreira da Costa.
Não é à toa que é Mestre Cunha é
considerado o “artista dos sonhos”. Segundo ele, a inspiração para as suas
criações vem na maioria das vezes de sonhos. “... Sonho com muitos desses seres e, então, faço as esculturas. Já que as
peças são únicas, tenho a necessidade de colocar nome em cada uma delas. Para
isso, procuro palavras no dicionário ou no Google. Escolho as que mais gosto.
Às vezes, elas vêm à mente e chego até a procurá-las na internet para ver se
têm algum significado, mas normalmente não possuem, não [...]. Parampalho. Veio
na cabeça do nada, mas não tem significado algum. É a peça mais comprada. É um
bicho grande, branco, com pescoço alto e asa pequenininha. Em cima dele, estão
dois bonecos, um homem e uma mulher. Ela está de topless e ele está se
masturbando”.
Mestre Cunha, título desconhecido, madeira policromada. Reprodução fotográfica autoria desconhecida.
Mestre Cunha, Chambrum, madeira policromada. Reprodução fotográfica autoria desconhecida.
Mestre Cunha, Ginringuaçu, madeira policromada. Reprodução fotográfica autoria desconhecida.
A obra de Mestre Cunha alcançou ao longo dos
anos um merecido destaque no mundo da arte popular brasileira. Participou de
diversas exposições coletivas e individuais e tem obras em diversas coleções particulares
do Brasil e de outros países. Tem obras em exposição permanente no Museu do
Homem do Nordeste do Recife. Atualmente reside e trabalha em Jaboatão dos
Guararapes, região metropolitana do Recife.
Mestre Cunha, título desconhecido, madeira policromada. Reprodução fotográfica autoria desconhecida.
Mestre Cunha com uma de suas invenções "Meu Primo". Reprodução fotográfica autoria desconhecida.
Mestre Cunha, Ararão, madeira policromada. Reprodução fotográfica autoria desconhecida.
Mestre Cunha, Malibu, madeira policromada. Reprodução fotográfica autoria desconhecida.
Mestre Cunha, Bayjok, madeira policromada. FOTO: Francisco Moreira da Costa.
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