Noemisa Batista dos Santos é uma das mais conhecidas ceramistas do Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais. Ela juntamente com outros nomes como, Isabel Mendes da Cunha e Ulisses Pereira Chaves são responsáveis pela enorme projeção nacional e internacional da arte do Vale do Jequitinhonha, alguns autores chegam a considerá-la uma espécie de mestre Vitalino de Minas Gerais. Noemisa nasceu em 1947 em Ribeirão do Capivara, Município de Caraí, Minas Gerais. Filha de um lavrador e de uma respeitada ceramista, Joana Gomes dos Santos, Noemisa aprendeu sua arte com a mãe, quando tinha apenas sete anos. Apesar de sua mãe trabalhar com cerâmica utilitária, Noemisa nunca gostou de fazer panelas, potes ou jarras; desde muito pequena gostava de criar pequenos animais de barro para suas brincadeiras. Noemisa se tornou um dos mais requisitados nomes da arte figurativa do Vale do Jequitinhonha; ainda na década de 70 seu trabalho já era exposto no Brasil e no exterior e fazia parte do acervo de museus e de importantes coleções particulares.
O barro usado por Noemisa é o mesmo utilizado pelos demais ceramistas de Caraí. De coloração rosa, vermelha e branca, o barro é extraído da fazenda Senhor Serafim; sua irmã Santa é a responsável pela extração. O preparo do barro e as técnicas utilizadas foram provavelmente aprendidos com os nativos da região e são os mesmos utilizados pelos demais artesãos. O barro depois de extraído e seco ao sol é triturado e pulverizado. Depois de misturado com água é armazenado em locais escuros e sem ventilação até ser usado na modelagem. Concluída a modelagem, as peças são pintadas e decoradas usando sempre a técnica do engobe nas cores vermelha e branca. Os temas dos decorados são quase sempre motivos florais ou figuras de animais.
A temática do universo artístico de Noemisa é bastante diversificada: vai das cenas cotidianas à arte religiosa. Ritos religiosos, como casamentos, batizados e funerais, igrejas e santuários são temas sempre presentes na sua obra. As “mulheres de Noemisa” são mostradas em atividades consideradas como respeitosas e necessárias. Elas normalmente usam vestidos estampados e assessórios como brincos, sapatos e bolsas. Os homens, normalmente em poses viris usam chapéu, relógio, botas e esporas. São mostrados como caçadores, soldados ou médicos. Noemisa também cria uma variedade enorme de animais, como bois, cavalos e cachorros.
Noemisa, casamento, cerâmica policromada. FOTO: Liana Caldeira.
Noemisa, ceramista, cerâmica policromada. FOTO: Ana Bratke.
Noemisa, caçador, cerâmica policromada. Reproduçao fotográfica Iandé - Casa das Culturas Indígenas (São Paulo, SP) - www.iande.art.br
Noemisa, coelho, cerâmica policromada. Reproduçao fotográfica Iandé - Casa das Culturas Indígenas (São Paulo, SP) - www.iande.art.br
Apesar de os trabalhos de Noemisa terem alcançado um alto preço no mercado, ela continua vivendo precariamente; quem lucra com seus trabalhos são os intermediários. Ela conta que pelo fato de ser analfabeta, não soube administrar com eficiência uma das melhores fases de sua produção, a década de 80, quando vendeu muitas peças para a CODEVALE. Ela continua produzindo, mas não com a mesma intensidade de antes.
Noemisa, mulher, cerâmica policromada. FOTO: Liana Caldeira.
Dentre as exposições mais importantes que participou pode-se citar a exposição Brésil Arts Populaires (Paris, 1987) e a Mostra do Redescobrimento (São Paulo, 2000). Importantes museus como o Museu Casa do Pontal (Rio de Janeiro, RJ), o Museu de Folclore Edison Carneiro (Rio de Janeiro, RJ) e o Centro Cultural de São Francisco (João Pessoa, PB) possuem em seus acervos obras de Noemisa.
Contato com Noemisa:
Ribeirão do Vale, Caraí-MG
CEP: 39810-000
Contato em Caraí: (33) 3531-1701 (Elza).
Fonte:
- Dalglish, Lalada. Noivas da Seca: Cerâmica popular do Vale do Jequitinhonha, 2a Ed. - Sao Paulo: Editora UNESP, Imprensa Oficial do Estado de Sao Paulo, 2008.
- Lima, Beth & Lima, Valfrido. Em Nome do Autor. Proposta Edital, São Paulo-SP, 2008.
Noemisa, casamento, cerâmica policromada. FOTO: Liana Caldeira.
Noemisa, mãe com filho no colo, cerâmica policromada. Reproduçao fotográfica Iandé - Casa das Culturas Indígenas (São Paulo, SP) - www.iande.art.br
Noemisa, carro de boi, cerâmica policromada. Reproduçao fotográfica Iandé - Casa das Culturas Indígenas (São Paulo, SP) - www.iande.art.br
Noemisa, tatu, cerâmica policromada. Reproduçao fotográfica Iandé - Casa das Culturas Indígenas (São Paulo, SP) - www.iande.art.br
Noemisa, figuras de mulheres e homens, cerâmica policromada. FOTO: Ana Bratke
Noemisa, casamento, cerâmica policromada. FOTO: Cláudio Zeiger.
MUITO BOM
ResponderExcluirParabéns, Noemisa! Trabalho muito bonito. Já a conhecia através de um documentário exibido pelo canal Arte ,
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