João Cosmo Félix, mais conhecido como Nino, nasceu em 1920 em Juazeiro do Norte, cidade do Cariri cearense. Casado com a também escultora Perpétua da Conceição viveu toda sua vida em Juazeiro do Norte, onde faleceu no dia 27 de agosto de 2002, aos 80 anos de idade (a idade ele não sabia ao certo). Antes do artista renomado em que se transformou, Nino trabalhou como cortador de cana de açúcar e foi ferreiro. Analfabeto, começou a se dedicar à escultura em madeira fazendo brinquedos, lá pela década de 1950. Na década de 1970, começaram a aparecer na sua obra esculturas maiores de animais com aspecto “assombroso” pintados de marrom e com manchas de preto e branco. Depois, na de 1980, suas esculturas deram um salto ainda maior, passaram a ter mais de um metro de altura, esculpidas em monoblocos de madeira e com muito mais cor. Nesta época, além dos animais, as figuras humanas começaram a fazer parte da obra do artista. Daí em diante, Nino passa a ter mais notoriedade com escultor e a ser reconhecido no mundo da chamada arte popular.
Das toras de madeira, as mãos de Nino faziam surgir uma grande variedade de bichos, como peixes, pássaros, bois, macacos, elefantes, cenas cotidianas e figuras do reisado (movimento folclórico de grande tradição em praticamente todo o Nordeste do Brasil). Dos bichos, o que mais gostava de fazer era o macaco. Além da escultura, as peças de Nino se destacavam pela cor, uma obra de arte à parte. O artista fazia uma combinação de cores perfeita, o que também passou a ser considerada uma “marca registrada” do seu trabalho. Já idoso, em uma entrevista, Nino descreveu a forma como criava suas peças: "Vendo o toco eu dou fé logo do que assenta naquele pedaço de pau; corto até deixar no jeito. Primeiro desenho com a tinta as figuras, depois cavo com o escopo. Vou fazendo e reparando, às vezes, tem uma falha, aí vou ajeitando. Do mesmo jeito é pra pintar, vejo a tinta que mais assenta a qualidade. Quero que o povo ache bonito".
Nino, macaco, madeira policromada. Reprodução fotográfica autoria desconhecida.
Apesar de ter passado toda sua vida em Juazeiro do Norte, Nino em momento algum se deixou influenciar pela a religiosidade do lugar (Devido à figura de Padre Cícero, Juazeiro do Norte é considerado um dos três maiores centros de religiosidade popular do Brasil). O artista inventou sua própria obra, fruto de sua imaginação e de sua capacidade, adquirida ao longo dos anos, de “tratar” a madeira. Nino trabalhou até o momento em que sua visão lhe permitiu; no ano 2000 foi obrigado a parar de trabalhar devido a problemas de visão.
Hoje a obra de Nino está espalhada pelo mundo em coleções particulares e em museus, além disso, figura em importantes publicações de catálogos e livros de arte. Ao longo de sua vida participou de exposições no Brasil e no exterior. Peças suas foram destaques na exposição internacional Brésil, Arts Populaires, realizada no Grand Palais em Paris (1987), bem como na Mostra do Redescobrimento, realizada na Fundação Bienal de São Paulo (2000). Um ano antes da sua morte foi montada uma exposição individual com suas obras na Pinacoteca de São Paulo: O essencial em estado bruto. Obras suas podem ser encontradas nos importantes museus de arte popular espalhados pelo Brasil.
A arte de Nino transcende qualquer classificação, rejeita rótulos. É fruto da sua vivencia como homem simples do interior do Brasil e, sobretudo da sua imaginação e capacidade criativa. Nino é um artista do Brasil; um artista do mundo.
Nino, macaco, madeira policromada. Reprodução fotográfica Lordello & Giobbi Leilões.
Nino, figura do reisado, madeira policromada. Reprodução fotográfica Lordello & Giobbi Leilões.
Nino, título desconhecido, madeira policromada. Reprodução fotográfica, autoria desconhecida.
Nino, galinha, madeira policromada. Foto: Andréa Martins da Silva.
Nino, figura do reisado, madeira policromada. Reprodução fotográfica Lordello & Giobbi Leilões.
Nino, título desconhecido, madeira policromada. Reprodução fotográfica, autoria desconhecida.
Nino, macaco, madeira policromada. Reprodução fotográfica Galeria Karandash.
Nino, título desconhecido, madeira policromada. Reprodução fotográfica Galeria Karandash.
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